Reprodução das Plantas Briófitas

 

Introdução

As briófitas são plantas avasculares, ou seja, não possuem vasos condutores de seiva (xilema e floema). Incluem os musgos, hepáticas e antóceros. Por viverem geralmente em ambientes úmidos e sombreados, dependem fortemente da água para a reprodução. Seu ciclo de vida é do tipo haplodiplobionte, com alternância de gerações bem definida: uma fase gametofítica (haploide) dominante e uma fase esporofítica (diploide) reduzida e dependente do gametófito.



Fase gametofítica

O gametófito é a estrutura mais desenvolvida e visível das briófitas. É responsável pela fotossíntese e pela sustentação da planta. Nessa fase, são formados os gametângios: o anterídio (masculino) e o arquegônio (feminino). O anterídio produz anterozoides (gametas masculinos flagelados) e o arquegônio abriga a oosfera (gameta feminino). A presença de água é fundamental para o deslocamento dos anterozoides até o arquegônio, onde ocorre a fecundação.



Fecundação


A fecundação ocorre quando um anterozoide nada, impulsionado por seus flagelos, até o arquegônio, atraído por substâncias químicas liberadas pela oosfera. Ao penetrar no arquegônio, o anterozoide funde-se à oosfera, originando o zigoto diploide (2n). Esse processo marca o início da fase esporofítica. A dependência da água para que a fecundação ocorra explica por que as briófitas são mais abundantes em ambientes úmidos.



Fase esporofítica

O esporófito é formado a partir do zigoto, que se desenvolve sobre o gametófito feminino, do qual retira nutrientes. Estruturalmente, o esporófito é composto por três partes: o pé, que o fixa ao gametófito e absorve nutrientes; a seta (ou haste), que sustenta a cápsula; e a cápsula (ou esporângio), onde ocorre a meiose e a formação dos esporos haploides (n). Essa fase é transitória e totalmente dependente do gametófito para sua sobrevivência.



Formação e dispersão dos esporos


No interior da cápsula, células diploides sofrem meiose e originam os esporos haploides. Quando maduros, os esporos são liberados e dispersos pelo vento ou pela chuva. Ao encontrarem um ambiente favorável, germinam e dão origem a um protonema, uma estrutura filamentosa inicial, que posteriormente desenvolve o novo gametófito adulto, reiniciando o ciclo reprodutivo.



Tipos de reprodução nas briófitas e suas características:



As briófitas apresentam tanto reprodução sexuada quanto assexuada.


1. Reprodução sexuada: envolve a produção de gametas nos gametângios, com fecundação dependente da água. É responsável pela variabilidade genética entre os indivíduos.

2. Reprodução assexuada: ocorre por fragmentação do gametófito ou por estruturas especializadas como gemas ou propágulos, que se destacam e formam novos indivíduos geneticamente idênticos ao progenitor. Essa forma é comum em ambientes estáveis, favorecendo a colonização de áreas próximas.



Alternância de gerações


O ciclo das briófitas é caracterizado pela alternância entre duas gerações distintas:


- Geração gametofítica (haploide): predominante, fotossintetizante e independente.

- Geração esporofítica (diploide): reduzida e dependente do gametófito, responsável pela produção de esporos por meiose.


Esse ciclo é descrito como haplodiplobionte heteromórfico, pois as duas fases são morfologicamente diferentes e alternam-se entre si.



Importância ecológica da reprodução das briófitas


O modo reprodutivo das briófitas apresenta grande relevância ecológica. Por dependerem da água para a fecundação, atuam como bioindicadores de umidade ambiental. Além disso, sua capacidade de colonizar substratos inóspitos, como rochas e troncos, contribui para o processo de formação do solo e retenção de umidade. Ao se reproduzirem, participam do equilíbrio ecológico, servindo de abrigo para microrganismos e pequenos invertebrados.



Considerações evolutivas


A reprodução das briófitas representa uma etapa intermediária entre as algas verdes e as plantas vasculares. Apesar de já apresentarem órgãos reprodutivos multicelulares e a proteção do embrião dentro do arquegônio, ainda mantêm forte dependência da água, característica herdada das algas ancestrais. Essa limitação explica o fato de as briófitas ocuparem preferencialmente ambientes úmidos e sombreados, ao contrário das plantas vasculares, que desenvolveram adaptações reprodutivas para ambientes secos.

 

 

Foto de um tufo de musgos

Os musgos, exemplo de briófita, se reproduzem por alternância de gerações, apresentando uma fase gametofítica dominante, onde ocorre a produção de gametas dependente da água, e uma fase esporofítica reduzida, responsável pela formação e dispersão dos esporos.

 

 


 

Por Tânia Cabral - Professora de Biologia e Ciências do Ensino Fundamental e Médio - graduada na Unesp, 2001.

Publicado em 14/10/2025