Reprodução das Algas
Introdução
As algas constituem um grupo diverso de organismos fotossintetizantes encontrados em ambientes aquáticos e úmidos. Podem ser unicelulares ou multicelulares e desempenham papel fundamental nos ecossistemas, especialmente na produção de oxigênio e na base das cadeias alimentares aquáticas. Sua reprodução é um tema relevante para a Biologia, pois revela a variedade de estratégias evolutivas empregadas por esses organismos para garantir sua sobrevivência e dispersão.
Tipos de reprodução nas algas
As algas apresentam dois tipos principais de reprodução: a reprodução assexuada e a reprodução sexuada. Algumas espécies ainda podem alternar entre esses dois processos, dependendo das condições ambientais.
1. Reprodução assexuada
Na reprodução assexuada, não há troca de material genético entre indivíduos. Ocorre a formação de novos organismos idênticos ao progenitor, sendo um processo rápido e eficiente. As principais formas de reprodução assexuada em algas incluem:
• Divisão celular: comum em algas unicelulares, como as diatomáceas e as clorofíceas. Ocorre a divisão mitótica da célula, originando duas novas células-filhas idênticas.
• Fragmentação: comum em algas multicelulares, como algumas espécies de algas vermelhas e pardas. Um fragmento do talo (estrutura vegetativa) pode originar um novo indivíduo.
• Esporulação: processo em que são formados esporos assexuados, geralmente móveis (zoósporos) ou imóveis (aplanósporos), que se desenvolvem em novos organismos. Esse tipo é típico em condições ambientais favoráveis.
2. Reprodução sexuada
A reprodução sexuada envolve a fusão de gametas e resulta em variabilidade genética, o que é importante para a adaptação evolutiva das espécies. Entre as algas, podem ocorrer três formas principais de reprodução sexuada:
• Isogamia: os gametas que se fundem são morfologicamente semelhantes, mas de tipos fisiológicos diferentes (positivo e negativo).
• Anisogamia: os gametas são diferentes em tamanho, sendo um maior (feminino) e outro menor (masculino).
• Oogamia: há um gameta feminino grande e imóvel (oosfera) e um gameta masculino pequeno e móvel (anterozoide), como ocorre em muitas algas multicelulares complexas.
Esses processos geralmente dão origem a um zigoto, que pode desenvolver-se diretamente em um novo indivíduo ou formar esporos após uma fase de meiose.
Alternância de gerações
Muitas algas exibem alternância de gerações, ou seja, apresentam fases haploides (gametófitos) e diploides (esporófitos) distintas ao longo de seu ciclo de vida.
• O gametófito produz gametas por mitose.
• O esporófito produz esporos por meiose.
Esse tipo de ciclo é conhecido como haplodiplobionte e ocorre em grupos como as algas verdes e algumas algas pardas.
Diferenças entre a reprodução das algas unicelulares das pluricelulares
Existem diferenças significativas entre a reprodução das algas unicelulares e das pluricelulares, tanto em complexidade quanto nos mecanismos envolvidos. Essas diferenças estão diretamente relacionadas à estrutura corporal e ao nível de organização de cada grupo.
Diferenças principais:
• Estrutura do organismo: as algas unicelulares possuem apenas uma célula, portanto, sua reprodução depende de processos que ocorrem dentro dessa única unidade biológica. Já as algas pluricelulares possuem talos formados por muitas células especializadas, o que permite mecanismos mais complexos de reprodução e, em alguns casos, alternância de gerações.
• Reprodução assexuada: nas algas unicelulares, a forma mais comum é a divisão celular simples (mitose), que origina duas células-filhas idênticas. Em algumas, como as diatomáceas, ocorre a formação de esporos ou cistos de resistência.
Nas algas pluricelulares, a reprodução assexuada geralmente ocorre por fragmentação do talo (em que uma parte se destaca e origina um novo indivíduo) ou pela formação de esporos especializados produzidos em estruturas denominadas esporângios.
• Reprodução sexuada: nas unicelulares, a reprodução sexuada tende a ser mais simples, com fusão direta de gametas semelhantes (isogamia).
Nas pluricelulares, há maior diversidade e complexidade, podendo ocorrer isogamia, anisogamia ou oogamia. Nessas, formam-se órgãos sexuais especializados, como gametângios, que produzem gametas masculinos e femininos. Além disso, muitas espécies pluricelulares apresentam alternância de gerações, com fases haploides e diploides distintas.
• Complexidade do ciclo de vida: nas algas unicelulares, o ciclo de vida é simples, com alternância entre fases vegetativas e de esporulação.
Nas algas pluricelulares, o ciclo pode envolver múltiplas fases e estruturas, incluindo esporófitos e gametófitos, o que reflete uma maior complexidade evolutiva.
Importância biológica e ecológica da reprodução
A diversidade dos modos reprodutivos das algas garante sua ampla distribuição geográfica e capacidade de colonizar diversos ambientes. A reprodução assexuada assegura a rápida ocupação de habitats, enquanto a reprodução sexuada aumenta a variabilidade genética e a resistência a mudanças ambientais. Além disso, as fases de resistência de muitos esporos permitem a sobrevivência em condições adversas, contribuindo para a continuidade das populações.
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A alga verde do gênero Pediastrum reproduz-se principalmente de forma assexuada por meio da formação de zoósporos, que se desenvolvem no interior da célula-mãe e são liberados para originar novas colônias idênticas. Em condições desfavoráveis, pode ocorrer reprodução sexuada, com fusão de gametas móveis que formam um zigoto resistente. Esse zigoto, após um período de dormência, germina e dá origem a novos indivíduos, garantindo a continuidade da espécie. (Imagem de uma colônia de algas verdes). |
Por Tânia Cabral - Professora de Biologia e Ciências do Ensino Fundamental e Médio - graduada na Unesp, 2001.
Publicado em 10/10/2025
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Fontes de referência:
LORENZI, Harri. Introdução à Botânica (Morfologia). Nova Odessa: Plantarum, 2013.
Introdução ao estudo das algas (arquivo pdf) - Cesad-UFS