Tipos de Fungos

 

O que são fungos?


Os fungos são organismos eucariontes pertencentes ao Reino Fungi, que se distinguem por apresentarem características únicas em comparação aos demais reinos biológicos. Eles não realizam fotossíntese, pois não possuem clorofila, e obtêm nutrientes por meio da absorção, atuando como decompositores, parasitas ou simbiontes. A parede celular dos fungos é composta por quitina, um polissacarídeo resistente, também presente no exoesqueleto de artrópodes. A maioria dos fungos é multicelular, com exceção das leveduras, que são unicelulares. As formas multicelulares se organizam em estruturas filamentosas chamadas hifas, que juntas formam o micélio.


A reprodução dos fungos pode ocorrer de forma assexuada ou sexuada, variando conforme o grupo. São organismos fundamentais para o equilíbrio dos ecossistemas, já que atuam na decomposição da matéria orgânica, promovendo a reciclagem de nutrientes no solo. Além disso, muitos fungos mantêm associações simbióticas com plantas, como nas micorrizas, ou com algas, como nos líquens.



Classificação geral dos fungos


Os fungos são classificados em grupos com base em características estruturais, reprodutivas e filogenéticas. As principais divisões do Reino Fungi são: Quitridiomicetos, Zigomicetos, Ascomicetos, Basidiomicetos e Deuteromicetos. Cada grupo possui representantes com estruturas e modos de vida distintos, o que reflete a diversidade e a adaptabilidade dos fungos aos mais variados ambientes.



Quitridiomicetos: fungos aquáticos com flagelo


Os quitridiomicetos são considerados os fungos mais primitivos. Vivem em ambientes aquáticos ou úmidos e se caracterizam pela produção de esporos móveis, dotados de flagelo, chamados zoósporos. Essa característica é única entre os fungos, já que os demais grupos não possuem células flageladas. A maioria dos quitridiomicetos é saprófita, alimentando-se de matéria orgânica em decomposição, mas alguns podem ser parasitas de algas, protozoários ou até mesmo de outros fungos. Seu ciclo de vida pode incluir fases haploides e diplóides, com reprodução tanto sexuada quanto assexuada.



Zigomicetos: fungos de crescimento rápido e reprodução por zigósporo


Os zigomicetos incluem fungos de crescimento rápido e são encontrados com frequência no solo e em materiais orgânicos em decomposição. Um exemplo bastante conhecido é o Rhizopus stolonifer, popularmente chamado de bolor do pão. Esses fungos apresentam hifas cenocíticas (sem septos), que se espalham pelo substrato em busca de nutrientes. A reprodução assexuada ocorre por meio de esporângios que liberam esporos, enquanto a reprodução sexuada se dá pela formação de um zigósporo, uma estrutura resistente formada pela união de duas hifas de polaridade oposta. Essa estrutura permite a sobrevivência do fungo em condições desfavoráveis.



Ascomicetos: fungos com ascos e grande diversidade


Os ascomicetos são os fungos mais numerosos e diversificados do Reino Fungi. Eles produzem seus esporos em estruturas especializadas chamadas ascos, geralmente dispostos em corpos de frutificação denominados ascocarpos. A reprodução assexuada ocorre por conídios, esporos formados externamente em conidióforos. Já a reprodução sexuada envolve a fusão de hifas compatíveis e a posterior formação dos ascos. Representantes desse grupo incluem leveduras como a *Saccharomyces cerevisiae*, utilizadas na fermentação, e fungos filamentosos como *Aspergillus* e *Penicillium*. Alguns ascomicetos também formam associações simbióticas com algas ou cianobactérias, originando os líquens.



Basidiomicetos: fungos com basídios e corpos de frutificação visíveis


Os basidiomicetos são amplamente reconhecidos por produzirem corpos de frutificação visíveis, como os cogumelos, orelhas-de-pau e puffballs. Eles se destacam pela formação de esporos denominados basidiósporos em estruturas especializadas chamadas basídios, localizadas geralmente na parte inferior do chapéu dos cogumelos. As hifas desses fungos são septadas e formam micélios bem organizados. A reprodução sexuada é predominante nesse grupo, embora alguns também realizem reprodução assexuada. Muitas espécies vivem associadas às raízes de plantas, formando micorrizas, que favorecem a absorção de nutrientes minerais. Alguns basidiomicetos também são decompositores de madeira, contribuindo para a ciclagem do carbono nos ecossistemas florestais.



Deuteromicetos: fungos imperfeitos com reprodução assexuada


Os deuteromicetos, também chamados de fungos imperfeitos, são agrupados de forma artificial, pois não apresentam reprodução sexuada conhecida. Essa classificação foi historicamente adotada para fungos que se reproduzem apenas por esporos assexuados (conídios), sendo muitos deles posteriormente reclassificados como ascomicetos após estudos genéticos mais avançados. Apesar da classificação provisória, os deuteromicetos possuem grande importância ecológica e econômica. Eles estão presentes em ambientes variados, atuando como decompositores ou formando associações simbióticas. Entre os exemplos de deuteromicetos destacam-se fungos do gênero *Trichophyton* e espécies do gênero *Alternaria*.



Leveduras: fungos unicelulares com intensa atividade fermentativa


As leveduras são fungos unicelulares pertencentes, na maioria dos casos, ao grupo dos ascomicetos, embora existam representantes entre os basidiomicetos. Elas se reproduzem principalmente por brotamento, um tipo de divisão assexuada no qual uma nova célula surge a partir da célula-mãe. Algumas espécies também realizam reprodução sexuada com formação de ascos. As leveduras desempenham papel essencial em processos de fermentação, sendo utilizadas na produção de pães, bebidas alcoólicas e outros alimentos fermentados. Um exemplo notável é a *Saccharomyces cerevisiae*, empregada na panificação e na indústria de bebidas há milênios. Essas células são capazes de converter açúcares em álcool e gás carbônico em condições anaeróbias.



Fungos liquenizados: associação entre fungos e organismos fotossintetizantes


Os fungos liquenizados representam um caso especial de simbiose, no qual um fungo se associa a algas verdes ou cianobactérias, formando estruturas conhecidas como líquens. Nessa relação, o fungo fornece proteção contra desidratação e abrigo físico, enquanto o parceiro fotossintetizante produz compostos orgânicos por meio da fotossíntese. Os líquens são organismos pioneiros em ambientes inóspitos, como rochas e solos pobres, onde contribuem para a formação do solo e indicam a qualidade do ar. O fungo que compõe os líquens pertence, na maioria das vezes, ao grupo dos ascomicetos, embora também existam líquens com basidiomicetos. Essa associação evidencia a grande capacidade adaptativa dos fungos e sua relevância ecológica.



Micorrízicos: fungos associados às raízes das plantas


Os fungos micorrízicos estabelecem uma relação simbiótica com as raízes das plantas, beneficiando-se mutuamente. O fungo amplia a área de absorção da planta, facilitando o acesso a nutrientes como fósforo e nitrogênio, enquanto recebe compostos orgânicos produzidos pela fotossíntese. As micorrizas podem ser classificadas em dois tipos principais: ectomicorrizas, nas quais o fungo envolve as raízes externamente, e endomicorrizas (ou micorrizas arbusculares), em que as hifas penetram nas células da raiz. Essa associação está presente em grande parte das plantas terrestres e é fundamental para o crescimento vegetal em ambientes pobres em nutrientes. Os fungos que formam micorrizas pertencem principalmente aos basidiomicetos e aos glomeromicetos.


 

Foto de uma trufa escura

Trufa (túbera): espécie de fungo subterrâneo usado na culinária.

 

 



Artigo revisado por Tânia Cabral - Professora de Biologia e Ciências - graduada na Unesp, 2001.

Atualizado em 11/08/2025