Poliquetas, Oligoquetas e Hirudíneos

 

Introdução

Os anelídeos são um filo de animais segmentados que inclui organismos com ampla diversidade morfológica e ecológica. Entre os grupos mais conhecidos estão os poliquetas, os oligoquetas e os hirudíneos, que se diferenciam pela estrutura corporal, presença de cerdas e hábitos de vida. Estes animais têm grande importância ecológica, atuando na aeração do solo, na cadeia alimentar e, em alguns casos, em práticas medicinais humanas. 



Poliquetas


Os poliquetas (classe Polychaeta) são anelídeos predominantemente marinhos, caracterizados por possuírem numerosas cerdas (ou quetas) em estruturas chamadas parapódios, localizadas lateralmente em cada segmento do corpo. Essa configuração facilita a locomoção e a respiração, além de oferecer suporte em substratos aquáticos.

Possuem cabeça diferenciada, com olhos, antenas e palpos sensoriais bem desenvolvidos, o que lhes confere uma notável sensibilidade ao ambiente. Muitos poliquetas apresentam cores vivas e comportamentos variados, como o hábito de construir tubos calcários ou mucosos onde se abrigam, ou o nado livre em busca de alimento.

Exemplos de poliquetas incluem o Nereis diversicolor, conhecido como verme-de-fogo, e os membros do gênero Aphrodita, como o peixe-rato, famoso por sua aparência iridescente. Esses organismos podem ser detritívoros, filtradores ou predadores, desempenhando papéis importantes nos ecossistemas marinhos.



Oligoquetas


Os oligoquetas (classe Oligochaeta) são anelídeos com poucas cerdas por segmento e corpo cilíndrico não segmentado externamente de forma visível, ao contrário dos poliquetas. São encontrados principalmente em ambientes terrestres e dulcícolas, como solos úmidos, margens de rios e lagos.

Sua cabeça é pouco diferenciada, sem olhos ou apêndices sensoriais proeminentes, mas eles possuem células sensoriais distribuídas ao longo do corpo. Sua locomoção se dá por meio da contração alternada da musculatura circular e longitudinal, auxiliada pelas cerdas curtas. Um traço característico é a presença do clitelo, uma estrutura glandular envolvida na reprodução, responsável pela produção do casulo onde os ovos são depositados.

O exemplo mais conhecido de oligoqueta é a minhoca-comum (Lumbricus terrestris), fundamental para a fertilidade do solo devido à sua atividade escavadora e ingestão de matéria orgânica. Outros exemplos incluem o Eisenia fetida, frequentemente usado na vermicompostagem.



Hirudíneos


Os hirudíneos (classe Hirudinea), conhecidos popularmente como sanguessugas, possuem corpo achatado dorso-ventralmente, sem cerdas e com um número fixo de segmentos, geralmente 34. Apresentam ventosas em ambas as extremidades do corpo, utilizadas para fixação ao substrato ou ao hospedeiro.

Diferentemente dos outros anelídeos, os hirudíneos possuem desenvolvimento direto, sem estágio larval, e seu sistema circulatório é frequentemente reduzido ou ausente. Muitos são ectoparasitas hematófagos, alimentando-se do sangue de vertebrados, embora existam espécies predadoras que consomem pequenos invertebrados.

O exemplo mais clássico é a Hirudo medicinalis, espécie europeia utilizada historicamente na medicina para sangrias e, atualmente, em procedimentos terapêuticos como a hirudoterapia. Outras espécies são encontradas em ambientes aquáticos, como riachos e lagoas, principalmente em regiões tropicais.


 

Foto de uma Sanguessuga

Sanguessuga: exemplo de anelídeo hirudíneo.

 

 


 

Artigo revisado por Tânia Cabral - Professora de Biologia e Ciências - graduada na Unesp, 2001.

Atualizado em 19/08/2025

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