Animais Diplópodes
Introdução
Os diplópodes constituem uma classe de artrópodes pertencente ao subfilo Myriapoda, conhecidos principalmente por seus corpos alongados e numerosos pares de pernas. Esses animais, muitas vezes confundidos com centopeias, apresentam características morfológicas e comportamentais distintas. Neste artigo, abordaremos de forma didática e detalhada o que são os diplópodes, suas principais características, exemplos representativos, adaptações ecológicas e sua importância nos ecossistemas.
O que são os animais diplópodes
Diplópodes são artrópodes caracterizados por possuírem dois pares de pernas por segmento corporal (com exceção dos primeiros segmentos, que podem variar). Essa classe inclui os popularmente chamados piolhos-de-cobra, gongolos e embuás. São animais predominantemente terrestres, com hábitos detritívoros, ou seja, alimentam-se de matéria orgânica em decomposição.
Os diplópodes têm papel essencial na reciclagem de nutrientes, ajudando na fragmentação e decomposição da matéria vegetal morta. Apesar de sua aparência peculiar, não são perigosos para os seres humanos.
Características gerais dos diplópodes
Entre as características mais marcantes dos diplópodes, destacam-se:
- Corpo cilíndrico e segmentado: apresenta numerosos segmentos corporais, geralmente de formato arredondado, cada um com dois pares de pernas.
- Presença de exoesqueleto quitinoso: que protege o corpo e auxilia na retenção de umidade.
- Crescimento por muda (ecdise): como outros artrópodes, os diplópodes realizam trocas periódicas de exoesqueleto para crescer.
- Locomoção lenta: devido ao grande número de pernas curtas, sua movimentação é lenta e contínua.
- Antenas curtas e sensoriais: utilizadas para explorar o ambiente e detectar substâncias químicas no solo.
- Glândulas de defesa: muitas espécies possuem glândulas repugnatórias que liberam substâncias químicas de gosto desagradável ou odor forte como forma de defesa contra predadores.
- Ausência de olhos bem desenvolvidos: em geral, possuem ocelos simples, com baixa capacidade visual.
Diferenças entre diplópodes e quilópodes
Os diplópodes são frequentemente confundidos com os quilópodes (como as lacraias), mas pertencem a classes distintas. As principais diferenças entre eles são:
- Pernas por segmento: diplópodes possuem dois pares por segmento, enquanto os quilópodes possuem apenas um.
- Forma do corpo: diplópodes têm corpo cilíndrico e mais robusto; os quilópodes têm corpo achatado.
- Alimentação: diplópodes são detritívoros; quilópodes são carnívoros, predadores e possuem quelíceras com veneno.
- Comportamento: diplópodes são lentos e retraídos; quilópodes são rápidos e ativos.
Hábitat e comportamento dos diplópodes
Os diplópodes habitam ambientes úmidos e sombreados, como florestas, jardins, folhiços e sob pedras. São sensíveis à dessecação, razão pela qual evitam exposição direta ao sol. Alimentam-se de folhas mortas, pedaços de madeira em decomposição, raízes e fungos, contribuindo para a manutenção do solo fértil.
Esses animais têm hábitos noturnos e são bastante discretos. Quando ameaçados, podem enrolar-se em espiral como forma de proteção, expondo apenas o exoesqueleto externo, que é mais resistente.
Exemplos de diplópodes
- Archispirostreptus gigas (embuá-gigante): uma das maiores espécies de diplópodes do mundo, encontrada em regiões tropicais da África.
- Glomeris marginata: espécie de corpo curto e capacidade de se enrolar completamente, encontrada na Europa.
- Narceus americanus: espécie comum no leste da América do Norte, de corpo longo e escuro.
- Diplópodes brasileiros: espécies como os popularmente chamados “gongolos” são comuns em solos úmidos de matas e jardins, especialmente durante períodos chuvosos.
Importância ecológica dos diplópodes
Os diplópodes desempenham funções ecológicas fundamentais. Como detritívoros, participam ativamente do processo de decomposição da matéria orgânica, fragmentando folhas, galhos e outros resíduos vegetais. Esse comportamento acelera a decomposição por microrganismos e facilita o retorno dos nutrientes ao solo, promovendo o ciclo de nutrientes.
Além disso, ao escavarem o solo em busca de alimento, contribuem para a aeração do solo e a manutenção da umidade, beneficiando o crescimento das plantas. Também servem de alimento para diversos predadores, como aves, anfíbios, pequenos mamíferos e répteis, integrando a cadeia alimentar dos ecossistemas onde vivem.
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Illacme plenipes: exemplo de diplópode |
Artigo revisado por Tânia Cabral - Professora de Biologia e Ciências - graduada na Unesp, 2001.
Atualizado em 12/08/2025
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Bibliografia Indicada
BARNES, R. D. Zoologia Geral. 6 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1988.