Crocodilianos
O que são os crocodilianos?
Os crocodilianos são répteis pertencentes à ordem Crocodylia, que inclui crocodilos, jacarés, gaviais e caimões. Eles representam um dos grupos mais antigos de répteis ainda existentes, com registros fósseis que remontam a mais de 80 milhões de anos. São animais semiaquáticos e predadores, ocupando posição de topo nas cadeias alimentares dos ecossistemas em que vivem.
Características:
- Corpo alongado e robusto: possuem uma forma adaptada para a vida aquática, com cauda muscular que auxilia na natação.
- Pele espessa e escamosa: coberta por placas ósseas chamadas osteodermos, que funcionam como armadura protetora.
- Respiração pulmonar: apesar de viverem grande parte do tempo na água, respiram exclusivamente por pulmões e precisam subir à superfície para captar ar.
- Olhos, orelhas e narinas no topo da cabeça: essa disposição permite que fiquem quase totalmente submersos, mantendo a vigilância sobre o ambiente.
- Dentição cônica: os dentes são fortes e pontiagudos, especializados para agarrar e segurar as presas.
- Sangue parcialmente quente: diferem de muitos répteis, pois conseguem regular a temperatura corporal de maneira mais eficiente, mantendo-se ativos em diferentes condições.
- Longevidade: são animais de vida longa, podendo viver entre 50 e 70 anos, dependendo da espécie.
Habitat
Os crocodilianos habitam regiões tropicais e subtropicais ao redor do mundo. São encontrados em rios, lagos, pântanos, manguezais e áreas costeiras. Preferem locais com água doce, embora algumas espécies, como o crocodilo-de-água-salgada, sejam adaptadas para viver também em ambientes marinhos.
Alimentação
São animais carnívoros e predadores oportunistas. Alimentam-se de peixes, aves, mamíferos e, em alguns casos, até de outros répteis. Podem caçar ativamente, mas também utilizam a técnica de emboscada, permanecendo imóveis até o momento de atacar a presa. Possuem mordida extremamente forte, capaz de segurar animais de grande porte.
Comportamento
Os crocodilianos apresentam comportamento territorial e são excelentes caçadores solitários. Passam grande parte do tempo imóveis, camuflados na água ou na vegetação ribeirinha. Apesar de seu porte, podem realizar ataques muito rápidos. Durante a reprodução, as fêmeas constroem ninhos em terra firme e cuidam dos ovos, protegendo os filhotes após a eclosão, o que é incomum entre répteis. São animais que se comunicam por meio de vocalizações, posturas corporais e até batidas na água.
Reprodução
A reprodução dos crocodilianos apresenta características peculiares e revela comportamentos pouco comuns entre os répteis, principalmente no que se refere ao cuidado parental.
Os crocodilianos são animais ovíparos, ou seja, se reproduzem por meio da postura de ovos. A estação reprodutiva geralmente coincide com o período chuvoso, quando há maior disponibilidade de recursos no ambiente. O macho costuma defender territórios e emitir vocalizações graves para atrair as fêmeas, além de realizar exibições corporais dentro da água. Após o acasalamento, a fêmea procura locais seguros nas margens de rios, lagos ou áreas pantanosas para construir o ninho. Esse ninho pode ser feito com vegetação acumulada ou escavado na areia e no barro.
A fêmea deposita, em média, de 20 a 80 ovos, dependendo da espécie. Esses ovos ficam incubados por cerca de 60 a 90 dias, sendo a temperatura do ninho um fator determinante para o sexo dos filhotes. Em temperaturas mais baixas tendem a nascer fêmeas, enquanto em temperaturas mais altas predominam machos, fenômeno conhecido como determinação sexual dependente da temperatura.
Um dos aspectos mais notáveis é o cuidado materno. Durante a incubação, a fêmea permanece próxima ao ninho para proteger os ovos contra predadores. Quando os filhotes estão prestes a nascer, emitem sons de dentro dos ovos, alertando a mãe. Ela auxilia na escavação do ninho e, em algumas espécies, chega a transportar os filhotes delicadamente na boca até a água. Após a eclosão, os jovens permanecem sob a proteção da mãe por semanas ou até meses, o que aumenta suas chances de sobrevivência nos primeiros estágios de vida.
Essa dedicação materna é um traço evolutivo raro entre répteis e garante aos crocodilianos uma taxa de sobrevivência relativamente maior em comparação a outros grupos de animais ovíparos.
Exemplos de Crocodilianos:
- Crocodilo-do-Nilo (Crocodylus niloticus): encontrado na África, é uma das maiores espécies, podendo ultrapassar 6 metros de comprimento. É conhecido por sua agressividade e por habitar rios e lagos do continente africano.
- Jacaré-açu (Melanosuchus niger): espécie típica da Amazônia, é o maior jacaré da América do Sul, podendo alcançar mais de 5 metros. Tem papel fundamental no equilíbrio ecológico dos rios amazônicos.
- Crocodilo-de-água-salgada (Crocodylus porosus): presente em regiões costeiras do sudeste asiático e da Oceania, é considerado o maior réptil vivo, com exemplares que ultrapassam 7 metros. É adaptado para viver tanto em água doce quanto salgada.
- Jacaré-do-pantanal (Caiman yacare): comum no Brasil, habita o Pantanal e áreas de rios da América do Sul. É de médio porte e desempenha papel importante no controle populacional de peixes.
- Gavial (Gavialis gangeticus): encontrado no subcontinente indiano, possui focinho longo e estreito adaptado para capturar peixes. É uma espécie ameaçada de extinção, com populações restritas a poucos rios.
Curiosidades biológicas:
- Os crocodilianos surgiram no planeta Terra há, aproximadamente, 80 milhões de anos atrás.
- Infelizmente, os gaviais são uma das espécies de répteis que corre grande perigo de extinção na atualidade. Existem apenas cerca de 300 animais vivendo em habitat natural.
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Gavial: outro exemplo de réptil crocodiliano. |
Artigo revisado por Tânia Cabral - Professora de Biologia e Ciências - graduada na Unesp, 2001.
Atualizado em 01/09/2025
Temas relacionados
Bibliografia Indicada
Fonte de pesquisa do texto:
- AMABIS, José Mariano e MARTHO, Gilberto Rodrigues. Biologia Moderna. São Paulo: Editora Moderna, 2016.
- https://www.abravas.org.br/files/arquivo/314/tratado-de-crocodilianos-do-brasil---2021.pdf