Ciclostomados
O que são os ciclostomados?
Os ciclostomados são vertebrados aquáticos pertencentes ao grupo dos agnatos, ou seja, não possuem mandíbulas. São considerados os vertebrados mais primitivos ainda existentes, representando uma importante transição evolutiva entre os protocordados e os vertebrados mandibulados. Vivem exclusivamente em ambientes aquáticos, sendo representados pelas lampreias e pelas feiticeiras.
Características gerais dos ciclostomados
Os ciclostomados possuem corpo alongado, cilíndrico e desprovido de escamas. A ausência de mandíbula é compensada pela presença de estruturas especializadas para alimentação, como discos orais com ventosas e dentes córneos. A boca é circular e adaptada para fixação ao corpo de outros peixes, no caso das espécies parasitas. A pele é lisa e recoberta por muco. A notocorda persiste ao longo da vida, mesmo com a presença de vértebras cartilaginosas rudimentares.
Classificação dos ciclostomados
Os ciclostomados são divididos em duas ordens principais:
- Petromyzontiformes: incluem as lampreias, que apresentam ventosa bucal com dentes córneos e são, em sua maioria, ectoparasitas de peixes. Possuem olhos bem desenvolvidos e vivem em águas doces ou marinhas, realizando migrações para reprodução.
- Myxiniformes: englobam as feiticeiras, animais marinhos de hábitos necrófagos, que se alimentam de tecidos mortos de outros organismos. Possuem olhos reduzidos, boca terminal com tentáculos e produzem grande quantidade de muco como forma de defesa.
Sistema nervoso e órgãos sensoriais
O sistema nervoso dos ciclostomados é relativamente simples, com encéfalo pequeno e medula espinhal. Os órgãos sensoriais incluem olhos (bem desenvolvidos nas lampreias e rudimentares nas feiticeiras), narinas ímpares e linha lateral, que detecta vibrações na água. Esses sistemas sensoriais permitem a localização de presas ou cadáveres no ambiente aquático.
Sistema digestório
O sistema digestório é completo, com boca circular, faringe musculosa e intestino simples. As lampreias, quando parasitas, utilizam suas estruturas córneas para raspar a pele de peixes e sugar sangue e fluidos corporais. Já as feiticeiras penetram o corpo de animais mortos e se alimentam de tecidos internos.
Sistema circulatório e respiratório
O sistema circulatório é fechado e inclui um coração com câmaras bem definidas. A circulação é simples, com sangue percorrendo o corpo uma única vez antes de retornar ao coração. A respiração ocorre por meio de fendas branquiais localizadas lateralmente ao corpo. As lampreias adultas possuem sete pares de fendas branquiais, enquanto as feiticeiras possuem múltiplas aberturas condutoras de água até as brânquias.
Sistema excretor e osmorregulação
O sistema excretor dos ciclostomados é formado por néfrons segmentados, localizados nos rins primitivos. A excreção de resíduos nitrogenados ocorre principalmente na forma de amônia. São capazes de realizar osmorregulação, ajustando o equilíbrio hídrico e salino em ambientes marinhos ou dulcícolas.
Reprodução e desenvolvimento
A reprodução é sexuada, com fecundação externa em ambientes aquáticos. Os ciclostomados são dioicos, ou seja, possuem sexos separados. As lampreias passam por uma fase larval denominada ammocete, que dura vários anos antes da metamorfose para a forma adulta. Já as feiticeiras apresentam desenvolvimento direto, sem fase larval evidente. Não apresentam cuidado parental.
Importância evolutiva dos ciclostomados
Os ciclostomados são fundamentais para o entendimento da evolução dos vertebrados. Apesar de simples, possuem estruturas básicas que caracterizam o grupo, como crânio, notocorda persistente, medula espinhal e sistema circulatório fechado. Representam um grupo remanescente de uma linhagem ancestral de vertebrados, sendo objeto de estudo para a compreensão da origem das mandíbulas e da diversificação dos vertebrados modernos.
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Peixe-bruxa, também conhecido como feiticeira, é um animal marinho ciclostomado. |
Artigo revisado por Tânia Cabral - Professora de Biologia e Ciências - graduada na Unesp, 2001.
Atualizado em 01/08/2025
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Bibliografia Indicada
Fontes de referência:
- RIOS, Eloci Peres e THOMPSON, Miguel. Conexões com a Biologia. São Paulo: Editora Moderna, 2016.
- MENDONÇA, Vivian L. Biologia. São Paulo: Editora AJS, 2016.