Aracnídeos

 

O que são e características gerais


Os aracnídeos são animais invertebrados pertencentes ao filo dos artrópodes e à classe Arachnida. São caracterizados por possuírem corpo dividido em cefalotórax e abdome, quatro pares de pernas locomotoras e ausência de antenas e asas. A maioria das espécies é terrestre e apresenta hábitos noturnos. São encontrados em diversos ambientes, como solos secos, cavernas, florestas e regiões desérticas.

Classificação taxonômica dos aracnídeos


Os aracnídeos pertencem ao reino Animalia, filo Arthropoda e classe Arachnida. Dentro dessa classe, encontram-se ordens como Araneae (aranhas), Scorpiones (escorpiões), Acari (ácaros e carrapatos), Opiliones (opiliões) e Pseudoscorpiones (falsos escorpiões). Cada uma dessas ordens apresenta adaptações morfológicas específicas ao seu modo de vida.

Morfologia externa


O corpo dos aracnídeos é dividido em duas regiões principais: o cefalotórax (ou prossoma) e o abdome (ou opistossoma). No cefalotórax estão localizados os olhos simples, as peças bucais (quelíceras e pedipalpos) e os quatro pares de pernas locomotoras. As quelíceras geralmente apresentam garras ou ferrões para capturar e imobilizar presas. Os pedipalpos podem ter funções sensoriais, reprodutivas ou de manipulação.

Sistema digestório


O sistema digestório dos aracnídeos é completo, com boca e ânus. A alimentação varia conforme o grupo: aranhas e escorpiões são predadores e se alimentam de insetos e pequenos animais, enquanto muitos ácaros são detritívoros, parasitas ou herbívoros. A digestão é, em grande parte, extracorpórea: as presas são imobilizadas, enzimaticamente digeridas externamente e o conteúdo liquefeito é então absorvido.

Sistema respiratório


A respiração dos aracnídeos ocorre por meio de estruturas chamadas filotraqueias (ou pulmões foliáceos) e/ou traqueias. As filotraqueias são câmaras com lamelas internas ricamente vascularizadas, permitindo trocas gasosas eficientes. Já as traqueias são tubos que conduzem o ar diretamente às células, por difusão. A presença e predominância dessas estruturas variam entre os grupos.

Sistema circulatório


O sistema circulatório dos aracnídeos é aberto, com um coração tubular localizado na região dorsal do abdome. O sangue, chamado de hemolinfa, circula pelos vasos e por lacunas no corpo, banhando diretamente os tecidos e promovendo o transporte de nutrientes, excretas e gases.

Sistema excretor


A excreção nos aracnídeos pode ocorrer por meio de túbulos de Malpighi ou por glândulas coxais. Os túbulos de Malpighi retiram excretas da hemolinfa e os lançam no intestino, onde são eliminadas junto com as fezes. Já as glândulas coxais estão localizadas próximas à base das pernas e liberam substâncias nitrogenadas por poros específicos. Essas estruturas contribuem para a conservação de água, especialmente em ambientes áridos.

Sistema nervoso e órgãos sensoriais


O sistema nervoso dos aracnídeos é formado por um cérebro simples e um cordão nervoso ventral com gânglios segmentares. Apesar de possuírem olhos simples (ocelos), sua visão costuma ser limitada, sendo os órgãos sensoriais mais importantes os mecanorreceptores e quimiorreceptores presentes nos pedipalpos e pernas. As aranhas, por exemplo, usam vibrações na teia para detectar presas.

Reprodução dos aracnídeos


A reprodução dos aracnídeos é sexuada, com fecundação interna na maioria dos casos. Os sexos são geralmente separados (dióicos). Em várias espécies, como as aranhas, os machos produzem espermatóforos que são transferidos às fêmeas por estruturas especializadas nos pedipalpos. O desenvolvimento pode ser direto, com filhotes semelhantes aos adultos, ou indireto, passando por estágios larvais, como em certos ácaros.

Diversidade e importância ecológica


Os aracnídeos desempenham papéis ecológicos fundamentais. Aranhas e escorpiões atuam como predadores, controlando populações de insetos e outros pequenos animais. Os ácaros participam da decomposição da matéria orgânica e da ciclagem de nutrientes. Algumas espécies também têm importância econômica, seja como bioindicadores, seja pela produção de seda, como as aranhas, ou pela relação com atividades agrícolas.

 

 

Exemplos de espécies de Aracnídeos:

- Ácaros: são aracnídeos microscópicos que habitam diversos ambientes, como solo, poeira, plantas e animais. Apresentam corpo fundido sem divisão clara entre cefalotórax e abdome e se destacam por sua diversidade ecológica, com espécies detritívoras, predadoras ou parasitas.

- Carrapatos: são ectoparasitas hematófagos que se fixam na pele de vertebrados para alimentar-se de sangue. Possuem corpo oval e patas adaptadas à fixação no hospedeiro. Transmitem agentes patogênicos e apresentam ciclo de vida com várias fases, incluindo ninfas e adultos.

- Opiliões: também conhecidos como "aranhas-de-corpo-redondo", diferem das aranhas por possuírem corpo globoso sem separação visível entre cefalotórax e abdome. Têm pernas longas e finas e não produzem teia. São inofensivos ao ser humano e vivem em ambientes úmidos.

- Escorpião imperador: espécie de grande porte, de coloração escura, encontrada em regiões tropicais da África. Possui pinças robustas e cauda com ferrão venenoso, usado para defesa e caça. Apesar da aparência imponente, seu veneno é de baixa toxicidade para humanos.

- Escorpião marrom: espécie comum em áreas urbanas do Brasil, é de pequeno porte e coloração amarelada a castanha. Apresenta veneno neurotóxico potente, usado para imobilizar presas. Tem hábitos noturnos e costuma se esconder em locais escuros e úmidos.

- Aranha-caranguejeira: grupo de aranhas grandes e peludas, comum em florestas tropicais. São lentas, terrestres e utilizam seu tamanho e força para capturar presas. Apesar do aspecto ameaçador, não são agressivas e raramente representam perigo para humanos.

- Aranha Chilena: também chamada de caranguejeira chilena rosa, é uma espécie dócil e muito criada como animal de estimação. Possui coloração rosa acinzentada e comportamento tranquilo. Alimenta-se de insetos e pequenos vertebrados.

- Aranha Cuspideira: caracteriza-se por expelir jatos de seda pegajosa sobre suas presas para imobilizá-las. Vive em ambientes tropicais e apresenta corpo compacto e coloração variada. Utiliza a seda como arma de caça ativa, diferindo das tecelãs.

- Aranha Viúva Negra: famosa por seu veneno neurotóxico, é uma aranha pequena de coloração preta com uma mancha vermelha no abdome. Habita locais escuros e abrigados. O nome popular está ligado ao comportamento da fêmea, que pode devorar o macho após a cópula.

- Aranha Armadeira: conhecida por seu comportamento agressivo e veneno potente, é comum em ambientes tropicais do Brasil. Recebe esse nome pela postura de defesa, com as patas anteriores levantadas. É ágil e possui visão aguçada para caçar.

- Aranha de jardim: constrói grandes teias circulares em áreas externas, como jardins e quintais. Tem corpo alongado e colorido, com pernas longas e dispostas radialmente. É inofensiva ao ser humano e importante para o controle de insetos.

- Aranha-de-água: vive em áreas próximas a rios e lagos e possui adaptações para se locomover sobre a superfície da água. Caça insetos aquáticos e utiliza bolhas de ar presas ao corpo para respirar. Tem patas alongadas e sensíveis às vibrações da água.

- Aranha-lobo: predadora ativa que não constrói teia para capturar presas, preferindo persegui-las no solo. Tem corpo robusto e pernas fortes. Seus olhos são bem desenvolvidos, o que permite boa visão. Vive em solos arenosos e sob folhas secas.

- Aranha-pedreiro: constrói abrigos em fendas ou sob pedras, onde espera por suas presas. É discreta e territorialista, utilizando seda para reforçar sua toca. Seu comportamento é menos ativo, preferindo emboscadas a perseguições.

- Aranha-pescadora: vive em margens de corpos d’água e é capaz de caçar pequenos peixes e insetos aquáticos. Usa as patas para sentir vibrações na água e pode mergulhar por curtos períodos. Tem corpo hidrofóbico que impede a entrada de água.

- Aranha-de-prata: encontrada frequentemente em telhados, cantos de muros e plantas, tem corpo prateado e pequenas dimensões. Produz teias irregulares para capturar insetos. É inofensiva e desempenha papel ecológico no controle de pragas urbanas.

- Aranha-do-pântano: habita regiões alagadas e úmidas, onde constrói teias entre plantas aquáticas. Tem pernas longas e finas adaptadas ao ambiente. Suas presas incluem mosquitos e outros insetos típicos de áreas pantanosas.

- Aranha-doméstica: vive em residências humanas, escondida em cantos, móveis e frestas. É de pequeno porte e tece teias desorganizadas para capturar insetos. Apesar da aparência pouco atrativa, é inofensiva e auxilia no controle de pragas.

- Aranha-camundongo: possui comportamento solitário e constrói tocas subterrâneas forradas com seda. É ágil e de coloração escura. Seu nome está relacionado ao hábito de viver no solo e ao modo de locomoção que lembra pequenos mamíferos.

- Aranha de alçapão: constrói tocas com tampa móvel, camuflada com detritos. Fica à espreita até que a presa se aproxime, então salta rapidamente para capturá-la. É terrestre, robusta e utiliza a seda para reforçar a estrutura de sua toca.

- Aranha-grama: vive entre folhas e caules de gramíneas, onde constrói pequenas teias para capturar presas. Tem coloração esverdeada ou marrom, o que favorece a camuflagem. Alimenta-se principalmente de pequenos insetos encontrados na vegetação rasteira.

 

 

Latrodectus (viuva negra): espécie de aranha muito venenosa.

 

 

Escorpião-amarelo: exemplo de aracnídeo presente no Brasil.

 

 

SAIBA MAIS:

 

- Obtenha mais dados e informações sobre picadas de aranhas no website do Dr. Drauzio Varella.

 

 

---

 

Artigo revisado por Tânia Cabral - Professora de Biologia e Ciências - graduada na Unesp, 2001.

Atualizado em 29/07/2025