Retículo Endoplasmático
O que é o retículo endoplasmático
O retículo endoplasmático é uma organela presente nas células eucarióticas, formada por uma extensa rede de membranas que se distribuem pelo citoplasma. Essas membranas delimitam cavidades chamadas cisternas, responsáveis por armazenar e transportar substâncias. O retículo endoplasmático é classificado em dois tipos principais: retículo endoplasmático rugoso (RER) e retículo endoplasmático liso (REL), de acordo com a presença ou ausência de ribossomos aderidos à sua superfície.
Retículo endoplasmático rugoso: estrutura e função
O retículo endoplasmático rugoso apresenta ribossomos aderidos à sua superfície externa, conferindo-lhe um aspecto granuloso ao microscópio. Esses ribossomos são os responsáveis pela síntese de proteínas, especialmente aquelas destinadas à exportação ou à inserção em membranas celulares. Após a síntese, as proteínas são modificadas e armazenadas no interior das cisternas, sendo posteriormente transportadas para outras organelas, como o complexo golgiense.
Entre suas principais funções estão:
• Produção de proteínas destinadas à secreção ou incorporação em membranas.
• Modificação inicial de proteínas, como dobramento e adição de cadeias laterais.
• Participação na formação de vesículas que transportam proteínas até o complexo de Golgi.
Retículo endoplasmático liso: estrutura e função
Diferente do RER, o retículo endoplasmático liso não possui ribossomos aderidos à sua membrana, apresentando uma aparência mais uniforme. Suas funções estão relacionadas à síntese de lipídios, ao metabolismo de carboidratos e à desintoxicação de substâncias químicas, sendo especialmente abundante em células do fígado e em células produtoras de hormônios esteroides.
Principais funções do REL:
• Síntese de lipídios, como fosfolipídios e colesterol, essenciais para a formação de membranas celulares.
• Produção de hormônios esteroides, como os produzidos nas gônadas e na glândula suprarrenal.
• Metabolismo de carboidratos, incluindo a conversão de glicose-6-fosfato em glicose.
• Armazenamento de íons cálcio, fundamental para processos como a contração muscular.
• Desintoxicação de substâncias exógenas, como medicamentos e álcool.
Interação com outras organelas
O retículo endoplasmático, tanto o rugoso quanto o liso, mantém relações estreitas com outras estruturas celulares. Ele se conecta diretamente à membrana nuclear externa e colabora com o complexo de Golgi no transporte de proteínas e lipídios. Vesículas formadas no retículo endoplasmático se deslocam até o Golgi, onde são processadas e encaminhadas para seus destinos finais, como a membrana plasmática, lisossomos ou meio extracelular.
Retículo endoplasmático e a compartimentalização celular
A presença do retículo endoplasmático nas células eucarióticas é um exemplo claro da compartimentalização celular, característica que permite a separação de diferentes processos bioquímicos em regiões distintas. Essa compartimentalização garante maior eficiência metabólica, controle sobre as reações químicas e proteção de estruturas sensíveis a variações químicas.
Importância fisiológica do retículo endoplasmático
O funcionamento adequado do retículo endoplasmático é essencial para a manutenção da homeostase celular. A organela participa ativamente da produção de moléculas fundamentais para a célula, além de regular processos como o armazenamento de íons e o transporte intracelular. Em células especializadas, como neurônios, células musculares e células secretoras, a atuação do retículo endoplasmático é ainda mais evidenciada, dada sua contribuição para funções específicas.
Distribuição nas células
A quantidade e o tipo de retículo endoplasmático variam conforme o tipo celular e sua atividade metabólica. Células envolvidas na síntese de proteínas, como as do pâncreas, apresentam um retículo endoplasmático rugoso bem desenvolvido. Já células produtoras de lipídios ou que desempenham funções de desintoxicação, como as hepáticas, possuem um retículo endoplasmático liso mais abundante.
Comparativo entre RER e REL
• Presença de ribossomos: RER possui ribossomos aderidos; REL não possui.
• Função principal do RER: síntese e modificação de proteínas.
• Função principal do REL: síntese de lipídios, metabolismo de carboidratos e desintoxicação.
• Abundância: RER é abundante em células secretoras; REL em células produtoras de hormônios e de desintoxicação.
• Participação no transporte intracelular: ambos participam da formação de vesículas de transporte, que interagem com o complexo de Golgi.
Retículo endoplasmático e especializações celulares
Algumas células desenvolvem variações do retículo endoplasmático adaptadas às suas funções. Por exemplo, em células musculares, o retículo endoplasmático liso é chamado de retículo sarcoplasmático, e atua no armazenamento e liberação de cálcio, essencial para a contração muscular. Já em neurônios, o retículo endoplasmático rugoso é parte da substância de Nissl, associada à síntese proteica necessária para a regeneração e manutenção dos prolongamentos neuronais.
Curiosidade biológica:
- O retículo endoplasmático foi visualizado pela primeira vez, em 1945, pelo biólogo belga Albert Claude.
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Retículo endoplasmático (imagem de microscópio) |
Artigo revisado por Tânia Cabral - Professora de Biologia e Ciências - graduada na Unesp, 2001.
Atualizado em 22/07/2025
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Bibliografia Indicada
Fontes de referência do artigo:
PAULINO, Wilson Roberto. Biologia. São Paulo: Editora Ática, 2003.
BURNIE, David. Dicionário Temático de Biologia. São Paulo: Editora Scipione, 1997.