Anfíbios
O que são e aspectos gerais
Os anfíbios são vertebrados que apresentam características adaptativas tanto ao ambiente aquático quanto ao terrestre, sendo considerados animais de vida dupla. Pertencentes ao filo dos cordados e à classe Amphibia, esses organismos possuem como principais representantes os sapos, rãs, pererecas, salamandras e tritões. Durante o ciclo de vida, geralmente passam por uma fase larval aquática, com respiração branquial, e uma fase adulta terrestre, com respiração pulmonar e cutânea. A pele dos anfíbios é fina, úmida e permeável, facilitando as trocas gasosas com o ambiente. São animais pecilotermos, ou seja, sua temperatura corporal varia de acordo com a temperatura externa. A maioria das espécies realiza fecundação externa e apresenta desenvolvimento indireto.
Ciclo de vida dos anfíbios
No início de seu ciclo de vida, os anfíbios vivem exclusivamente em ambiente aquático e, nessa fase larval, apresentam a forma de girino, não de alevino, que é a designação para filhotes de peixes. Nessa etapa, realizam apenas a respiração branquial, utilizando brânquias para obter oxigênio da água.
Após passarem pela metamorfose, os anfíbios desenvolvem pulmões e membros, tornando-se aptos a viver no ambiente terrestre. Apesar disso, continuam dependentes de locais úmidos, pois a pele desempenha um papel importante na respiração e deve permanecer hidratada para permitir trocas gasosas eficientes.
Mesmo possuindo pulmões, esses órgãos apresentam superfície interna relativamente pequena e não realizam, sozinhos, todas as trocas gasosas necessárias. Por esse motivo, os anfíbios complementam a respiração por meio da pele, que é rica em vasos sanguíneos e altamente permeável, sendo mais eficaz quando mantida constantemente úmida.
Reprodução dos anfíbios
A reprodução dos anfíbios é um processo que apresenta importantes adaptações à transição entre o meio aquático e o terrestre. Como regra geral, os anfíbios dependem da água ou de ambientes extremamente úmidos para realizarem a reprodução, uma vez que seus gametas e ovos não possuem estruturas adaptadas à proteção contra a dessecação. A maioria das espécies apresenta fecundação externa, especialmente entre os anuros (sapos, rãs e pererecas), embora existam grupos com fecundação interna, como certas salamandras e cecílias.
Durante o período reprodutivo, é comum a ocorrência de vocalizações dos machos, que servem para atrair as fêmeas e afastar outros machos. Nos anuros, após a atração, ocorre o amplexo, uma posição de acasalamento em que o macho se posiciona sobre a fêmea e libera os espermatozoides sobre os ovos à medida que ela os deposita na água, promovendo a fecundação externa. Esses ovos formam massas gelatinosas que ficam aderidas a plantas aquáticas ou submersas em ambientes calmos. Os embriões desenvolvem-se em larvas aquáticas conhecidas como girinos, que respiram por brânquias e apresentam alimentação herbívora ou detritívora.
O desenvolvimento dos anfíbios é classificado como indireto, pois há uma metamorfose entre a fase larval e a fase adulta. Durante esse processo, o girino perde a cauda, desenvolve membros, os pulmões se formam e as brânquias regridem, permitindo a transição para o ambiente terrestre. Esse padrão de desenvolvimento é típico dos anuros, embora haja variações entre os diferentes grupos de anfíbios. Algumas espécies tropicais apresentam cuidados parentais, como o transporte de ovos ou larvas nas costas, na boca ou mesmo em estruturas corporais especializadas, evidenciando uma diversidade de estratégias reprodutivas dentro do grupo.
Principais características dos anfíbios:
- Os anfíbios possuem pele úmida, fina e vascularizada, o que permite a respiração cutânea.
- São animais pecilotermos, ou seja, sua temperatura corporal varia conforme a temperatura do ambiente. Por isso, são conhecidos popularmente como “animais de sangue frio”.
- A fecundação, na maioria das espécies, é feita de forma externa. O desenvolvimento é indireto, com estágio larval distinto da forma adulta, como ocorre com os girinos.
- A respiração dos anfíbios adultos ocorre por pulmões rudimentares, que apresentam superfície respiratória reduzida, sendo complementada pela respiração cutânea. Em algumas espécies, há também respiração pela mucosa da cavidade bucal. As larvas respiram por meio de brânquias.
- As hemácias (células do sangue) dos anfíbios são ovais e possuem núcleo, diferentemente das hemácias dos mamíferos, que são anucleadas.
- Os anfíbios possuem cloaca, uma câmara comum aos sistemas digestório, excretor e reprodutor.
- A principal substância excretada pelos anfíbios é a ureia, característica dos animais ureotélicos, o que representa uma adaptação ao ambiente terrestre com menor perda de água.
- O coração dos anfíbios é formado por três câmaras: dois átrios (aurículas) e um ventrículo.
- A circulação dos anfíbios é do tipo fechada (o sangue circula apenas dentro dos vasos), incompleta (há mistura parcial de sangue arterial e venoso no ventrículo) e dupla (o sangue passa duas vezes pelo coração durante o percurso completo pelo corpo).
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Girinos: respiração é realizada através de branquias. |
Grupos de anfíbios:
1. Sapos
Os sapos são anfíbios pertencentes à ordem Anura, conhecidos por seu corpo robusto, pele seca e rugosa, e pernas traseiras musculosas adaptadas para saltos curtos. São geralmente terrestres e vivem em ambientes úmidos, utilizando seu canto para atrair parceiros na época reprodutiva. A maioria das espécies deposita os ovos na água, onde se desenvolvem girinos antes de sofrer metamorfose. Alimentam-se principalmente de insetos e outros pequenos invertebrados.
2. Tritões
Os tritões fazem parte da ordem Caudata (ou Urodela) e se destacam por possuírem corpo alongado, cauda bem desenvolvida e membros aproximadamente do mesmo tamanho. Habitam, em geral, ambientes aquáticos ou úmidos, especialmente durante o período reprodutivo. Seu ciclo de vida inclui uma fase larval aquática com brânquias externas e, em algumas espécies, uma fase terrestre na vida adulta. São predadores oportunistas, alimentando-se de pequenos invertebrados aquáticos e larvas.
3. Salamandras
Assim como os tritões, as salamandras pertencem à ordem Caudata e possuem corpo alongado, pele lisa e úmida e cauda permanente. Diferenciam-se dos tritões pelo estilo de vida predominantemente terrestre na fase adulta e pela menor especialização para o meio aquático. Respiram por pulmões, brânquias ou pela pele, dependendo da espécie. Apresentam comportamento noturno e se escondem sob folhas e pedras durante o dia. A reprodução pode ser interna ou externa, com desenvolvimento direto ou indireto.
4. Pererecas
As pererecas são anfíbios da ordem Anura, semelhantes às rãs, mas com adaptações específicas para a vida arborícola, como os discos adesivos nos dedos que facilitam a escalada. Possuem corpo mais leve e ágil, pele lisa e úmida, e costumam habitar áreas próximas a corpos d’água, como brejos e margens de rios. Seus cantos são bastante variados e importantes na comunicação reprodutiva. Os ovos geralmente são depositados em folhas sobre a água, e os girinos caem na água após a eclosão.
5. Rãs
As rãs também são anuros e se caracterizam por sua pele lisa, úmida e por membros traseiros longos e fortes, que lhes conferem grande habilidade para saltos. Vivem em ambientes aquáticos ou semi-aquáticos e possuem excelente capacidade de natação. Seus olhos e narinas posicionados no topo da cabeça favorecem a vigilância ao predador enquanto permanecem parcialmente submersas. A reprodução ocorre em ambientes aquáticos, onde os girinos se desenvolvem antes da metamorfose.
6. Apoda ou Gymnophiona
São anfíbios com corpo alongado e cilíndrico, lembrando minhocas ou serpentes, mas não possuem escamas. Elas não têm membros e apresentam olhos muito pequenos, muitas vezes cobertos pela pele, devido ao hábito de viver enterradas no solo ou em ambientes úmidos. São animais fossoriais, adaptados à vida subterrânea, e alimentam-se de insetos, larvas e outros invertebrados. A reprodução pode ser ovípara ou vivípara, dependendo da espécie, e em algumas delas há cuidado parental, com a fêmea protegendo os filhotes.
Esses cinco grupos representam a diversidade morfológica e ecológica dos anfíbios, animais fundamentais para o equilíbrio dos ecossistemas por atuarem como predadores de invertebrados e bioindicadores da qualidade ambiental.
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Salamandra: uma espécie de anfíbio pouco conhecida. |
CLASSIFICAÇÃO: ORDENS DOS ANFÍBIOS
1) APODA (Gymnophiona)
- O corpo dos apodas é cilíndrico, alongado e liso.
- Possuem pernas atrofiadas.
- A fecundação é interna.
- O corpo dos apodas possui aspecto de um grande verme.
- Possuem tentáculos olfativos.
- Absorvem oxigênio através da boca e da pele. A respiração é pulmonar.
Exemplos de apodas: cobras-cegas.
2) URODELA
- Os urodelos, também conhecidos como caudados, possuem quatro pernas curtas.
- Corpo com presença de cauda alongada.
- Possuem a capacidade de regenerar a cauda ou membros do corpo, quando cortados.
- Durante o inverno, muitas espécies de urodelos entram em fase de hibernação.
- Vivem em regiões de clima úmido ou próximos a rios e lagos. Necessitam da umidade, pois sua pele é muito sensível ao clima seco.
Exemplos de urodelos: tritões, proteus e salamandras.
3) ANURA
- O corpo dos anuros não possui cauda.
- Os anuros possuem quatro pernas (tetrápodes). As posteriores são alongadas.
- Possuem olhos protuberantes.
- A grande maioria das espécies de anuros apresenta metamorfose completa.
Exemplos de anuros: sapos, rãs, pererecas.
Fotos de Anfíbios
Rã-verde |
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Classificação Científica Reino: Animalia Filo: Chordata Classe: Amphibia Ordem: Anura Família: Ranidae Gênero: Rana Espécie: R. perezii |
Sapo-comum |
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Classificação Científica Reino: Animalia Filo: Chordata Classe: Amphibia Ordem: Anura Família: Bufonidae Gênero: Bufo |
Tritão-de-crista-italiano |
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Classificação Científica Reino: Animalia Filo: Chordata Classe: Amphibia Ordem: Caudata Família: Salamandridae Gênero: Triturus Espécie: T. carnifex |
Salamandra-de-fogo |
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Classificação Científica Reino: Animalia Filo: Chordata Classe: Amphibia Ordem: Caudata Família: Salamandridae Gênero: Salamandra Espécie: S. salamandra |
Perereca |
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Classificação Científica Reino: Animalia Filo: Chordata Classe: Amphibia Ordem: Anura Família: Hylidae |
Curiosidades:
- O ramo da Zoologia que estuda os anfíbios e répteis é conhecida como Herpetologia.
- O maior anfíbio do mundo é a salamandra-gigante-da-china (Andrias davidianus). Este animal pode chegar a 1,8 metros de comprimento. As salamandras desta espécie vivem, principalmente, nas águas de lagos localizados em montanhas do Japão e da China.
Artigo revisado por Tânia Cabral - Professora de Biologia e Ciências - graduada na Unesp, 2001.
Atualizado em 25/07/2025
Temas relacionados
Bibliografia Indicada
RIOS, Eloci Peres e THOMPSON, Miguel. Conexões com a Biologia. São Paulo: Editora Moderna, 2016.