Oswaldo Cruz

 

Quem foi Oswaldo Cruz?


Oswaldo Gonçalves Cruz foi um dos mais importantes cientistas brasileiros, cuja atuação transformou profundamente a saúde pública no Brasil entre o final do século XIX e início do século XX. Nascido em 5 de agosto de 1872, na cidade de São Luiz do Paraitinga, em São Paulo, formou-se em Medicina no Rio de Janeiro e especializou-se em Bacteriologia no renomado Instituto Pasteur, em Paris. Sua trajetória foi marcada pela dedicação ao combate às doenças infecciosas, pela modernização das práticas sanitárias no Brasil e por uma atuação incansável como médico, cientista e gestor da saúde pública.

Ao retornar da França, Oswaldo Cruz passou a atuar no Instituto Soroterápico Federal (futuro Instituto Oswaldo Cruz), onde teve papel fundamental no desenvolvimento de vacinas e soros. Suas campanhas sanitárias, especialmente contra a febre amarela, a varíola e a peste bubônica, marcaram uma virada histórica na forma como o Brasil lidava com epidemias. Ao longo de sua vida, ocupou cargos de destaque como diretor-geral de saúde pública e foi um dos principais responsáveis pela fundação da ciência médica moderna no país. Faleceu em 11 de fevereiro de 1917, deixando um legado duradouro na medicina e na saúde pública brasileiras.



Médico e pesquisador científico


Oswaldo Cruz destacou-se como médico desde o início de sua carreira, quando ainda jovem participou de campanhas de combate à febre amarela no Brasil. Seu interesse pela pesquisa o levou a aprofundar seus conhecimentos em microbiologia e imunologia, áreas que estavam em expansão no final do século XIX. No Instituto Pasteur, teve contato com os métodos modernos de investigação científica, especialmente relacionados à produção de soros e vacinas. Ao retornar ao Brasil, tornou-se um dos principais difusores desses conhecimentos no meio médico nacional.

No Instituto Soroterápico Federal, Cruz organizou uma infraestrutura voltada à produção de soros antiofídicos e antivírus, além de formar uma equipe técnica altamente qualificada. Seu trabalho como médico unia prática clínica e pesquisa, promovendo uma medicina baseada em evidências e em métodos científicos. Ele incorporava às práticas médicas brasileiras a observação microscópica dos agentes causadores das doenças, o cultivo de microrganismos e a experimentação em laboratório.



Atuação como bacteriologista


A bacteriologia foi a área na qual Oswaldo Cruz mais se destacou no campo da ciência. Ele conduziu estudos sobre o bacilo da peste bubônica e sobre os mosquitos transmissores da febre amarela, compreendendo a relação entre os microrganismos e os vetores das doenças. Foi o responsável por confirmar, por meio de experimentos, que o mosquito *Aedes aegypti* era o transmissor da febre amarela no Brasil, o que orientou campanhas de erradicação do vetor.

Seus trabalhos foram decisivos para controlar surtos de peste bubônica no porto do Rio de Janeiro e outras cidades costeiras, onde o bacilo da peste era disseminado por ratos e pulgas. Oswaldo Cruz aplicava rigorosamente os métodos bacteriológicos: identificação, isolamento e combate aos agentes infecciosos. Essa abordagem, inovadora no Brasil da época, revolucionou a medicina sanitária nacional.



Epidemiologista e sanitarista


Como epidemiologista, Oswaldo Cruz teve papel central na elaboração de políticas públicas voltadas à contenção de epidemias e à melhoria das condições de saúde da população. Em 1903, foi nomeado diretor-geral de Saúde Pública, cargo que ocupou com ousadia e rigor técnico. Uma de suas medidas mais polêmicas foi a campanha de vacinação obrigatória contra a varíola, o que gerou a Revolta da Vacina em 1904, episódio de grande resistência popular contra a imposição sanitária do Estado.

Apesar da resistência, suas campanhas obtiveram êxito: o número de casos de varíola e febre amarela caiu drasticamente, e o Rio de Janeiro deixou de ser visto como um foco de doenças tropicais. Sua atuação demonstrava um olhar epidemiológico moderno, voltado não apenas para o tratamento de doentes, mas para a prevenção em massa por meio de saneamento básico, combate aos vetores e vacinação.

Como sanitarista, Oswaldo Cruz também se destacou pela reorganização das estruturas de saúde pública, criando normas, formando técnicos e ampliando a presença do Estado nas políticas de saúde. Seu trabalho estendeu-se também ao interior do país, com campanhas de combate à malária em regiões de construção de ferrovias e ao saneamento de cidades do Norte e Nordeste.


Legado para a Ciência e Saúde Pública no Brasil


O legado de Oswaldo Cruz é imenso. Ele fundou a base da saúde pública moderna no Brasil e estruturou um modelo científico de combate às doenças que influenciou gerações de médicos e sanitaristas. O Instituto Oswaldo Cruz, que mais tarde originaria a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), tornou-se um centro de excelência em pesquisa biomédica, formação científica e produção de vacinas e medicamentos.

Seu nome é associado ao avanço do conhecimento sobre doenças tropicais, à valorização da ciência como instrumento de progresso social e à consolidação da medicina preventiva. Oswaldo Cruz transformou a prática médica no Brasil, aproximando-a dos centros científicos internacionais e combatendo não apenas as doenças, mas também o atraso sanitário e as desigualdades de acesso à saúde.


 

Charge sobre a Revolta da Vacina
Charge de 1904 sobre a Revolta da Vacina: a esquerda, no centro, Oswaldo Cruz liderando a campanha de vacinação obrigatória.

 

 

 


 

Artigo revisado por Tânia Cabral - Professora de Biologia e Ciências - graduada na Unesp, 2001.


Atualizado em 28/08/2025