Coruja-Buraqueira

 

O que é


A coruja-buraqueira (Athene cunicularia) é uma ave de rapina da família Strigidae, conhecida por viver em ambientes abertos e por utilizar tocas no solo como abrigo e local de reprodução. Diferente de muitas corujas noturnas, apresenta hábitos diurnos e grande adaptação a áreas alteradas pelo ser humano.



Principais características físicas:


Tamanho: mede em média entre 20 e 28 centímetros, sendo considerada uma coruja de porte pequeno a médio.


Plumagem: apresenta coloração marrom com manchas brancas, o que garante camuflagem eficiente em ambientes abertos.


Cabeça: arredondada e sem penachos auriculares, com olhos grandes e amarelados que permitem excelente visão.


Pernas: longas e adaptadas para a locomoção terrestre, já que passa muito tempo fora do abrigo.


Asas e voo: asas relativamente curtas, utilizadas em voos rápidos e rasantes, mais voltados para deslocamento do que longas perseguições.

• Bico: essa espécie de coruja possui bico curto, curvado e de coloração amarelada, adaptado para capturar e despedaçar presas, funcionando como uma eficiente ferramenta de caça.



Alimentação


A dieta da coruja-buraqueira é variada e composta principalmente por insetos, pequenos roedores, anfíbios e répteis. Em ambientes urbanos, pode caçar baratas e pequenos animais sinantrópicos, desempenhando um importante papel no controle de pragas.



Reprodução e desenvolvimento inicial



O período reprodutivo da coruja-buraqueira acontece, em geral, entre a primavera e o verão, quando as condições ambientais são mais favoráveis para a sobrevivência dos filhotes. Nesse momento, o casal busca uma toca adequada, que pode ser escavada por eles mesmos ou reaproveitada de outros animais, como tatus. A escolha do local é estratégica, pois precisa garantir proteção contra predadores e abrigo contra as variações climáticas.


A fêmea é responsável pela postura dos ovos, que varia de 6 a 12, sendo depositados no interior da toca. Durante cerca de 28 dias, ela permanece no ninho realizando a incubação, enquanto o macho desempenha a função de buscar alimento e proteger a entrada da toca contra possíveis ameaças. Essa divisão de tarefas aumenta as chances de sobrevivência da ninhada.


Após a eclosão, os filhotes nascem com pouca penugem e completamente dependentes dos cuidados parentais. Os pais alimentam os jovens com insetos e pequenos vertebrados, além de permanecerem atentos a qualquer sinal de perigo. Com o passar das semanas, os filhotes desenvolvem a plumagem e começam a explorar o entorno da toca, até estarem prontos para se tornarem independentes.

 

Habitat e distribuição geográfica


A coruja-buraqueira é encontrada em grande parte das Américas, desde o Canadá até a Argentina. Prefere ambientes abertos como campos, cerrados, pastagens e áreas urbanizadas. Sua capacidade de adaptação a diferentes ecossistemas é uma das razões para sua ampla distribuição.



Comportamento


É uma espécie com comportamento diurno, embora também apresente atividade ao entardecer e à noite. Vive em pares ou pequenos grupos familiares, sendo territorial e bastante atenta a intrusos. Quando ameaçada, pode emitir sons semelhantes a guinchos ou se posicionar de maneira a parecer maior.

 

 

Importância ecológica

A coruja-buraqueira desempenha um papel fundamental no equilíbrio ecológico, pois atua como controladora natural de populações de pequenos roedores, insetos e outros invertebrados, prevenindo desequilíbrios que poderiam afetar a agricultura e a saúde pública. Além disso, sua presença em diferentes ambientes indica a qualidade ecológica do local, funcionando como espécie bioindicadora. Ao ocupar tocas no solo, também contribui para a dinâmica dos ecossistemas, uma vez que utiliza e modifica abrigos escavados por outros animais, integrando-se às cadeias alimentares e aos processos naturais de interação entre espécies.



Três curiosidades sobre a coruja-buraqueira:


1. Ao contrário de muitas corujas, passa boa parte do tempo fora das tocas, podendo ser vista em pé sobre o solo ou em mourões de cerca.

2. Seu nome “buraqueira” deriva do hábito de viver em tocas no chão, característica incomum entre as corujas.

3. Em algumas culturas indígenas e populares, é associada a presságios, tanto de sorte quanto de mau agouro, variando de acordo com a tradição local.

 

Foto de uma Coruja-Buraqueira

Coruja-Buraqueira: ave presente na fauna brasileira.

 

 

 


 

Artigo escrito por Tânia Cabral - Professora de Biologia e Ciências - graduada na Unesp, 2001.


Publicado em 11/09/2025